Grito - Capítulo 1
Sete dias para o Halloween
Embora ainda estivesse escuro, senti dedos longos e finos acariciando meu corpo, me tocando em lugares onde nunca havia sido tocado antes. Minha respiração se acelera, mordendo o lábio inferior, sentindo meu pau se contorcer em agradecimento, chamando a atenção e implorando para ser tocado.
A ideia de tocar alguém sempre me repugnou, pois não quero deixar ninguém tão perto de mim. Mas essa pessoa que tem atormentado meus sonhos, eu espero ir para cama todas as noites para sentir exatamente isso. O bom disso é que me lembro de tudo o que acontece e parece tão real… como se estivesse realmente acontecendo comigo.
Quem me dera fosse assim.
“Seu pau está encharcado, querido” sua voz grave e rouca sussurra em meu ouvido, fazendo meu corpo tremer quando sinto sua mão me envolver, “você estava tão animado assim para sentir meu toque? A mão do papai é gostosa, não é?”
Abri meus lábios para responder ele de alguma forma, mas nenhuma palavra ousou sair. Por mais que eu tentasse, parecia que minhas palavras ficavam presas no fundo da garganta e, a cada vez que eu tentava mais, ela começava a se contrair, bloqueando minhas vias aéreas.
“Isso é triste.” Ele rosna e, sinto suas mãos frias saírem do meu corpo, querendo desesperadamente tê-las de volta em mim, mas não há nada que eu possa fazer, “só mais sete dias, querido, até que eu possa tê-lo definhando sob mim em prazer. Porra, seu cuzinho vai ficar tão apertado em volta do meu pau, mal posso esperar…”
Eu ia perguntar por que ele ainda não tinha feito isso, pois queria finalmente vê-lo, mas no momento em que pensei que poderia chegar a algum lugar, meus olhos se abriram e eu fiquei deitado encharcado no meio da cama. Como se já não fosse constrangedor o suficiente, minha cueca estava pegajosa e molhada e, eu só podia imaginar a bagunça que estava por dentro.
Gemendo, rolo para fora da cama e, me dirijo ao banheiro, preciso desesperadamente de um banho agora. Tirando minhas roupas sujas, tento lavar o máximo que posso antes de torcê-las e jogá-las no cesto, sabendo que vou lavar a roupa mais tarde, quando chegar da aula.
Mas minha mente continua voltando ao sonho que tive, imaginando quem poderia estar em meus sonhos.
Eu não costumava ter sonhos vividos até me mudar para este apartamento com meu melhor amigo há cerca de seis meses. No início, começou com carícias simples, quase inocentes, mas agora é luxúria total e não tenho ideia do que pensar disso.
Será que eu tenho um crush em alguém e nem me dei conta disso?
Não acho que seja possível, mas deve ser o caso.
Com apenas vinte anos de idade, acho que vivi uma vida de certo modo bem sucedida até o dia em que “parti” o coração dos meus pais. Por muito tempo, fiquei em negação sobre quem eu realmente sou, o que quero ser e COMO quero continuar vivendo minha vida e, no momento que completei dezoito anos e me formei no ensino médio, fui sincero com a família cristã que estive minha vida inteira. Estive com eles durante toda a minha vida.
Mãe, pai, eu sou gay.
Eles não me renegaram como eu pensei que fariam, mas apenas me disseram que, embora me amassem, orariam por minha alma. Sinceramente, deixei de lado porque vou fazer o que for preciso para ser feliz e, se eles não puderem me aceitar, tudo bem.
Não estou esperando que eles mudem toda a vida deles por mim, mas que simplesmente me amem incondicionalmente. Eles me disseram que poderiam fazer isso.
Fui morar com meu melhor amigo em um apartamento de tamanho decente que meu pai paga, dizendo que é o mínimo que ele pode fazer por mim até eu me formar na faculdade. Não confio nisso, pois sei que pode mudar a qualquer momento, por arrumei um emprego de meio período em uma padaria no centro da cidade para economizar dinheiro.
Ao sair do chuveiro, enxugo meu corpo, odiando a sensação de cabelos molhados e roupas grudentas. Olhando-me no espelho, pergunto-me se há algo errado comigo. Com cinco e dez anos, eu não diria que sou um grande atleta, mas gosto de correr às vezes. Mantenho meu cabelo loiro em um comprimento decente, odiando quando ele entra em meus olhos. Meus olhos são da cor de esmeraldas; minha melhor qualidade, se você quer saber.
Se você perguntasse ao Justin, ele me chamaria de nerd.
Justin tem sido meu melhor amigo desde a sexta série e, eu não desistiria dele nunca. Apesar de ser um atleta, ele não age como tal. Com 1,80 de altura, ele não é muito mais alto do que eu, mas tem um corpo magro e musculoso por causa de todos os exercícios que faz. São pelo menos quatro vezes por semana, durante duas horas cada.
Um pouco ridículo, se você quer saber.
Seus cabelos castanhos curtos normalmente estão bagunçados no topo da cabeça e, seus olhos azuis são da cor do céu azul claro. Às vezes, eu invejo porque ele consegue todos os garotos e garotas que quer, mas parece que ninguém olha para mim. Sou quase invisível.
Se eu fosse mais parecido com o Justin, eu poderia conhecer um homem como o que eu sonho?
Provavelmente não.
“Ei, você está acordado?” Ouço o Justin chamar do lado de fora da porta do meu quarto, “estamos atrasados.”
Olhando para o meu celular, percebi que ele tinha razão, estávamos atrasados. Visto-me rapidamente com uma calça jeans preta, uma camiseta cinza folgada e um par de converses. Pego minha bolsa, coloco no ombro, certificando-me de que tenho tudo o que é importante antes de sair correndo do quarto, sabendo que Justin estaria esperando por mim pacientemente na porta da frente, como sempre faz.
“Nunca chegaríamos na hora se dependesse de você.” Ele me provoca enquanto abre a porta da frente.
Revirando os olhos, nem sequer tento dizer-lhe que tem razão porque, infelizmente sei que ele tem razão. Olhando para trás enquanto ele fecha a porta, não consigo deixar de sentir que alguém está me observando, esperando. Um arrepio percorre a minha espinha enquanto tento me livrar dessa sensação, sabendo que não tem nada ali dentro para me pegar…
Não devia ter pensado nisso.
Porque ele está me esperando.